dimanche 20 février 2011

O discurso do rei, Cisne negro etc. e tal

Há muito, há um mês e alguns dias – pra ser mais ou menos preciso – , não havia postado coisa alguma por aqui, pois não me encontrava por aqui. Prum pouco mais de precisão, agora em relação ao último fato, eu não me encontrava próximo ao computador por meio do qual escrevo neste momento. É vero que “por aqui”, podendo querer dizer “aqui na Internet”, eu poderia me manter “por aqui” onde quer que estivesse, desde que aqui – ou melhor: ali – houvesse um computador e Internet; e havia. Mas eu estava por aqui (!) com tudo isso, com tudo isso de ficar como que fisgado na rede mesmo nas férias, e eu queria férias, férias completas: tinha tirado férias de tudo aquilo que faço quando não estou de férias, excetuando umas poucas atividades que me são indispensáveis, mesmo de férias: ler, escrever, escutar música e assistir a filmes – além de comer, beber, amar e adjacências tais quais respirar e fumar, ou respirar fumando, na maior parte do tempo...
E, junção de várias dessas atividades ocorreu-me assistindo a dois filmes no cinema: O discurso do rei e Cisne negro. Pra melhor me explicar, os dois filmes se lêem (cada um à sua maneira) como livros – graças a seus roteiros tão finamente ciosos da linguagem verbal (e de outras linguagens) – , escrevem-se – como palavras que vão se cadenciando pouco a pouco no cérebro, feito num passeio por uma floresta de signos linguísticos – , escutam-se como discursos musicais – … – , podem ser assistidos e assistirem como poucos filmes podem assistir a (+ a = à) assistência a respirar – e (por quê não?) a fumar um bom cigarro na saída da sala.
Quanto aO discurso do rei, não vou dizer mais coisa alguma,

e pouco mais que coisa nenhuma é o que direi sobre o Cisne negro,
um dos melhores filmes que vi ultimamente: (citando-o, em parte: “)senti, fui per-feito(”), des-feito, re-feito, estupe-feito por ele, embora O discurso do rei conte com uma melhor nota no site (ironicamente intitulado) www.rottentomatoes.com (traduzindo o nome: tomates podres), o que deveria figurar como a razão de ser deste texto, já que o objetivo do blog é reciclar assuntos, vídeos, imagens, artigos ou, menos precisamente, inspirações (em geral) que possam ser encontradas na Internet, como esse site em que se reúnem críticas de arte advindas dos mais variados lugares e suportes. Na verdade, tudo pode ser encontrado na Internet, o que quer dizer que, mesmo que a inspiração pra alguns destes textos meus venha, num primeiro momento, de uma experiência real, dou-me o direito de procurá-la, em seguida, no mundo virtual e transcriá-la neste NetNoteBook, neste CarNet, nesta CaderNet...
Injusto? Injusto partir do real e, só depois, transferi-lo ao virtual, sendo que meu projeto inicial era dar voltas e mais voltas dentro da net e jamais sair dela? Injusto quebrar minha própria regra, minha regra primeira, a regra que distinguiria meu blog de tantos outros?...
Injusto, sim – somente se eu não acreditasse que “um personagem de um livro é tão real quanto um personagem real”, se não concordasse com Georges Perec, de quem tiro a citação anterior, pra quem o virtual e o real se acomodam no mesmo e único plano, nem que seja mental, o que o faria, por conseguinte, real, físico, corpóreo: a mente, este lugar, esta coisa impalpável, quase fictícia, possuímo-la no corpo e ela nos possui, de fato, de corpo e mente – e alma...
Injusto seria deixar de reciclar tais filmes e tomates podres pelo ilegítimo motivo de desejar erguer um muro entre mundos que não são fronteiriços, e, sim, imbricados uns nos outros, somente pra ser um quase nada original na empreitada.
Injusto, por fim, seria deixar de mencionar o divertido pseudo estudo científico de Perec sobre os efeitos tomatotópicos – ou seja, sobre os efeitos dos tomates jogados – numa soprano (leia o artigo), o qual me veio à cabeça enquanto eu investigava o www.rottentomatoes.com, mas que, originalmente, eu havia lido em um livro, não na Internet. Injusto seria eu me privar e privar o leitor de qualquer conexão pertinente entre realidades e virtualidades tão diversas quanto a frente e o verso, quanto o verso e a prosa, quanto o prosáico e o poético, quanto o náutico e o internáutico, quanto aquilo que é interno e aquilo que é externo a uma coisa qualquer, a qualquer coisa... Injusto seria eu tirar férias de tudo isso que, em mim e em minha pena – digital – , se (con)fundem sem pena alguma. Injusto seria eu tirar férias de mim; não tirar férias das férias; prolongar as férias da escrita simplesmente porque, durante esse mês e pouco de férias, não tirei um tempinho pra Internet, nem mesmo pra responder aos e-mails dos amigos – aliás, peço que me perdoem a ausência.

1 commentaire:

  1. faaaala zé... bom te sentir e no "te" a cadência da sua palavra, gostoso reconhecer...
    abraço de livro,
    Lala

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