vendredi 27 avril 2012

Fui picado pela Musa

Mĩa mão tá que coça
pra escrevê por cá este haikai
– ai, sai, Muriçoca! 

lundi 18 avril 2011

Beatbox humano: o tal poema prometido há tanto tempo


Bom de beat bate boca
em sonho bom
                       Zéfere

Bom de boca
Bate boca
Todo dia
O dia todo

Pouco importa
Boca cheia
Boca suja
Boca boa

Bocadinho
Que abre a boca
Bota o povo
Boquiaberto
Todo bobo
Todo ouvidos
Só pra ouvi-lo
Mais um pouco

Bom de boca
Se abre a boca
E bate um beat
E boxeia
Com o ouvinte
Co’a plateia
Nũé da boca
Só pra fora

Bota a boca
Em todo o mundo

A boca toca
E bate fundo
Em cada corpo
Vivo ou morto
Fauna ou flora

O fora adentra
O dentro afora

Co’o balanço
Que bombeia
Batucando
Quando bumba
Co’a botija
Do trombone
E do trompete
Que repete
Que repete
Que repete
Que repete

Repeteco
Vira furo
Dá notícia
Em discoteca

E se propaga
Boca em boca
Plaga em plaga

Lá na zona
Em zona sul
A boca pega
Na favela
Em todo lado
O beatboca
Vira praga

*

Bom de boca
Nesse entanto
Também pede
Um bom descanso

De vez em quando

Que nem todo homem
Tem dom pra santo

*

Tem boca livre
Faz ũa boquinha

Vendo um pedaço
De mau caminho
Canta baixinho
Dá um estalinho

Chega o domingo
Pede cachimbo

Boca de fumo
Julga propício
Vício em silêncio
Sempre um bom pito
Dá ũa pitada
De temperança
No pensamento

Para co’o tempo

Pito aspirado
Chama num trago
Chama silente
Brasa no peito
Que inspira a gente

Pois mesmo assim
De boca tapada
Tem bate boca
Co’a boca do topo
Que lá em cima
Toda ensimesmada
Em massa cinzenta
Não fica parada
Inventa outro beat
Que bate quebrado

Novo bailado
Bolado co’o fumo
Espiralado

Fumaça que sopra
Sai feito nota
Caindo na dança
Feita no fundo
Do inquieto bestunto

Mas estranhado
Sem soar ressonância
Meio que cansa

Se passa de um tico
Bico fechado
Sem som proferido
Fere um bocado

Parece que cansa
Cricri de grilo
Na boca do rio

*

Puxa o seu pito
Da boca pra fora
Dá-lhe descanso
Na boca da noite

*

Enche a sua boca
De dentifrício
Dita batida
Beat de escova
Scratch de dente
Mixa bochecho
Com quebra-queixo

Sempre com ritmo
Segue a cadência
Do útil rimado
Em múltiplo agrado

Arruma um pijama
Ruma pra cama
Deita e se nina
Então se nana

De olho fechado
De boca aberta
Dorme sem sono
E sonha que sonha
Ainda acordado

*

Bom de boca
Em bate boca
Todo dia
O dia todo

Mas contudo
Todo mudo

A boca move
A língua encena
Mas sua pena
Cumpre e sofre
Pois não se ouve

*

Todo o mundo
Muito embora
Todo ouvidos
Pode ouvi-lo

E o povo todo
Todo bocas
Bate agora
O que se bate
Da sua boca
Só pra dentro

Boca afora
Num crescendo
Só na boca
Lá do povo

Feito o som
Fosse um sonho
Que só soa
Noutro corpo

Feito o povo
O analfabeto
E o mais letrado
Fosse um oco
Que soubesse
E lesse em eco
A partitura
Que na boca
Embora muda
Se divulga

Todo o mundo
Lendo junto
E no compasso
Cada traço
E entrelinha
Que se cala
Nos seus lábios

Noite e dia
Dia e noite

Feito em sonho
Ou acordado
Feito mudo
Ou desbocado
Feito toda
E qualquer hora
Sempre fosse
Boa hora
Pra botar a
Prosa em dia
Em beatboca
Em poesia

Que inda fica
Feito cola
Ainda que indo
O som embora

dimanche 6 mars 2011

Beatbox humano: alguns dos bons de (bate)boca musical


Vai aqui uma pequena seleção de vídeos com alguns dos melhores beatboxers do planeta. Pra quem não sabe bem do que se trata, um resumo do que é o beatbox humano, bastante frequente no hip-hop: é fazer, só com a boca, a batida da música; fazer da boca um instrumento de percussão.
Mas a boca não serve só de percussão no beatbox: pode-se fazer a batida e a melodia ao mesmo tempo, às vezes envolvendo o canto; aliás, pelo pouco que conheço da coisa, parece que alguns chegam a reproduzir até três (ou quatro) sons diferentes de uma só vez.
E existem também aqueles que fazem beatbox ao mesmo tempo que tocam um instrumento de sopro.
Outros inserem na brincadeira algum instrumento que não depende da boca, o que não quer de forma alguma dizer que tudo fica mais simples.
Pra terminar, há também os (ainda) mais onipotentes que, insatisfeitos com um só acompanhamento, chamam pro ringue ainda mais instrumentos enquanto beatboxeiam.
Tanta arte – e dedicação à arte – me faz duvidar que essas mesmas bocas consigam também comer, beber, conversar, beijar..., tema que ando trabalhando em um poema que, logo que estiver razoavelmente legível, publicarei numa outra blog-nota.

P.S.: A origem da minha curiosidade pelo beatbox – e da pesquisa pra seleção apresentada – vem do vídeo abaixo, de Eklips, uma espécie de mix da história do hip-hop em uns quatro minutos:
 ...

jeudi 3 mars 2011

Um rolo com um rolo – de filme fotográfico

Praqueles que gostam de informação, vai aqui uma dica de um site de uma revista francesa que retoma, traduzidos em francês, artigos do mundo inteiro: http://www.courrierinternational.com/.
Foi nele que encontrei ontem uma noticia originalmente publicada no New York Times e que trata de uma curiosidade que me amoleceu, pôs um pesinho de ternura no meu fim de tarde. O artigo vai certamente botar nostalgia no peito daqueles que amam, mais ou menos como eu, a fotografia; daqueles que, tendo tido ou não a oportunidade de revelar suas próprias fotos num quarto escuro, ao menos sentiu um quê de contato e calor humano tocando – com a mão ou com os olhos – uma foto presenteada em papel, recebida por carta ou revisitada num antigo álbum de família.
Sem querer tirar o prazer da leitura, mas me sentindo na obrigação de passar por alto a ideia do artigo àqueles que não leiam francês ou inglês, parece que os dias do bom e velho rolo de filme fotográfico estão realmente contados... Aqui o original in English e a versão en Français do texto.
Depois dessa leitura, dei também uma navegada em algumas paginas interessantes, tão nostálgicas quanto o artigo.
Em uma delas, num blog da Kodak, encontrei um tributo ao Kodachrome, onde ha algumas entrevistas com fotógrafos reconhecidos que usavam esse rolo de filme pra tirar algumas fotos que, com certeza, trazem muitas lembranças. Recomendo, além da leitura – ou mais ainda – , uma olhadinha no diaporama, nos slides que estão no centro da pagina (A Tribute to KODACHROME: A Photography Icon). E quem quiser se divertir um pouquinho, vai no Top 5 à direita e dá uma bisoiada, principalmente, na propaganda – pseudo-propaganda, com (quase) certeza – da câmera de olho (Introducing KODAK eyeCamera 4.1. It's Amazing!), um lindo (...) par de óculos Kodak que tira foto.
Outro site interessante com o qual esbarrei nessa rápida pesquisa é o http://www.kodachromeproject.com/, onde, lá no fórum de discussão, pode-se ler um pouco sobre a tristeza e as ações desesperadas dos participantes pra que o Kodachrome não bata as botas de vez. E tiro de lá uma citação – não sei de quem, mas postada por um desses amantes da película fotográfica – , uma chave de ouro com a qual pretendo fechar esta blog-nota:



“Digital is like shaved legs on a man - very smooth and clean but there is something acutely disconcerting about it.”
(“[A foto] digital é como um homem com as pernas depiladas: lisinho, limpinho, mas ali tem alguma coisa que deixa a gente muito desconfiado”.)


lundi 28 février 2011

Bilíngue pra bilíngue: a tradução em cena

Andei pensando nos últimos tempos em escrever um livro de poesia bilíngue, mas não um livro bilíngue de poesia: não nos moldes que sempre se viu e vê, não com simples traduções dos poemas pra que aquele que não entende a língua do original possa aprendê-la, compará-la ou, o que é mais corrente, ignorá-la, ler o livro como se as paginas pares – as da esquerda, aquelas nas quais se encontram os escritos em língua estrangeira – fossem meramente ilustrativas. Algo semelhante já pode ser encontrado no cinema, por exemplo, em um filme do qual falarei mais ao fim desta blog-nota (, ou seja, quem não tiver tempo pra ler tudo, pode pular direto pro fim, logo pro vídeo postado abaixo – que já tem la seus bons sete minutos – ou pro paragrafo antes dele..).
A ideia seria escrever, criar, parir textos bilíngues mais ou menos simbióticos, onde nenhuma das duas línguas é de partida ou de chegada, e sim um dialogo traçado numa via de mão dupla, uma bi-parturição ou bi-partição, ou bi-partitura. No fim das contas, é verdade que toda tradução não é nada mais que isso, um dialogo; ademais, todo e qualquer texto é um dialogo, dialogo com tantos outros textos que o escritor leu durante a vida e que, consciente ou inconscientemente, se inserem naquele que esta sendo escrito, além de ser, também, um dialogo com outros textos não verbais ou só oralmente verbalizados, em mundos palpáveis ou imaginários.
No entanto, voltando ao projeto do livro bilíngue pra bilíngue, o intuito seria obter textos que, embora independentes de suas traduções, pudessem oferecer uma outra leitura – complementar, potencializante, mas também independente – na tradução, graças aos diferentes potenciais de cada uma das línguas e das culturas em jogo (talvez como as transcriações de Haroldo de Campos, ou um pouco mais além). A prova de fogo do livro seria fazer com que o leitor – ideal, que deveria dominar as duas línguas – não conseguisse distinguir o original da tradução, ou a tradução do original, ou melhor, o original traduzido da tradução originalizada. Portanto, com essa visão da tradução como algo que ultrapasse a mera comunicação, a simples (re)transmissão de uma mensagem, o tradutor – no caso, até agora, o auto-tradutor (à la Beckett, mais ou menos), pois eu mesmo escreveria as duas (ou mais) versões – seria também um autor, ou um bi-partidor, um produtor (e catalizador) de bi- (ou multi-) partições textuais, uma espécie de diretor, de regente, de maestro que seguisse partituras distintas de uma só vez, além de conduzir e ser conduzido por distintas vivências e maneiras de tocar advindas de cada instrumentista que compõe a orquestra. Assim, mais (ou menos) que autores, tanto o maestro quanto a orquestra tornar-se-iam atores, juntamente com outros a(u)tores ainda mais importantes – sem os quais nada disso existiria: as duas línguas em questão.
Pra concluir, com tudo isso em mente, encontrei um curta-metragem que muito me agradou e que brinca com algo semelhante, aquele que mencionei mais acima. Trata-se de um filme de Fábio Durand, lançado em 2000 – se não me engano, apesar do roteiro ser de 1997 – e bastante merecedor dos prêmios recebidos, seja pela originalidade (tradutiva), seja pela realização e pela atuação, embora apresente algumas falhas em vários desses mesmos aspectos:
Não acredito que seja indispensável o domínio das duas línguas pra se compreender o curta, mas, como dizia, a tradução – a legenda, aqui – não é uma mera (re)transmissão de uma mensagem, e o conhecimento das duas línguas permite uma apreciação mais fina do todo e dos detalhes: apreciam-se melhor os questionamentos, os jogos – bem (ou nem tão bem) sucedidos – de linguagem, os jogos de cena que as legendas – também – encenam.

mardi 22 février 2011

Justin Bieber: Panis et circenses

Não, Justin Bieber não regravou – e nem acredito que um dia venha a regravar – a mitológica “Panis et circenses” dOs Mutantes, que já deve ter lá uns quarenta anos, quase três vezes a idade do novo pop-star. Não, o assunto sugerido pelo título tem mais a ver com o pão e o circo do império romano - e, atualmente, mediático - do que com música. (Aliás, ligeiros parênteses para os latinistas: pensando nos casos do latim, a expressão correta seria “panem et circenses”, não? E minha dúvida não vem das minhas poucas lembranças de estudo da língua, mas simplesmente porque o Google quis me corrigir quando eu procurei pelo título da canção...)
O que conta – e conto – aqui, na verdade, é que, no último fim de semana, o jovem cantor participou de um jogo de basquete da NBA (National Basketball Association – “national” significando “dos EUA”, liga onde o campeão recebe o presunçoso título de “world champion”, “campeão do mundo”...), e Bieber, já um vencedor dos vídeos virais internáuticos, ainda foi considerado o melhor jogador, o mais valioso da partida, o MVP (most valuable player), mesmo com a derrota do seu time e com vários dos demais participantes bem mais brilhantes que ele:
Confesso que, pra um menino – dedicado à música (boa ou má, pouco importa...) – jogando no meio de gente grande, até que ele não foi nada mal; mas deu uma dozinha do garoto, que, além de ter chegado direto ao evento depois de treze horas de voo após um show seu, tomou umas pequenas pancadas dos grandões:
Pra quem não conhece o tal evento da NBA, trata-se de reunir, pra uma partida amistosa, uns seis jogadores profissionais aposentados, umas duas profissionais em atividade na WNBA (a versão feminina da NBA) e uns tantos atores, cantores e afins, todos estes homens, considerados, portanto, aptos a brincar - pau a pau (...) - com algumas das melhoras jogadoras do mundo... No entanto, deixando de lado a discussão sexista, pensemos mais no caráter  mediático e comercial do trem, do troço, do treco, ou – pra empregar uma palavra-ônibus que conjugue melhor com a situação – do negócio.
Nunca vi um jogo pior na vida – talvez só aqueles em que eu mesmo participava (...) – , e, mesmo assim, imagino que deve ter dado bastante IBOP, já que o primeiro vídeo que postei aqui, o dos melhores momentos de Justin Bieber, teve mais de um milhão de visitas em menos de uma semana. Aliás, não é à toa que o jovenzinho ganhou o prêmio de melhor jogador, ainda que tenha perdido a partida: os espectadores é que escolhiam, votavam no seu favorito pela Internet e pelo celular, ferramentas que fazem parte, principalmente, do cotidiano da faixa etária – dos fãs – do músico MVP.
Bom, em poucas palavras – pois, no fim das contas, nem sei se vale a pena eu (te fazer) perder tempo com tantas – , embora seja mais importante competir do que ganhar, pra se tornar o mais valioso da partida – ou da partitura – , prepare bem o seu circo pro público, que o circo é já o pão de hoje em dia, até praqueles que mal têm dinheiro pra comprar o pão pra se nutrir enquanto assistem à TV, que essa, sim, dá-se sempre um jeitinho de arrumar uma...

dimanche 20 février 2011

O discurso do rei, Cisne negro etc. e tal

Há muito, há um mês e alguns dias – pra ser mais ou menos preciso – , não havia postado coisa alguma por aqui, pois não me encontrava por aqui. Prum pouco mais de precisão, agora em relação ao último fato, eu não me encontrava próximo ao computador por meio do qual escrevo neste momento. É vero que “por aqui”, podendo querer dizer “aqui na Internet”, eu poderia me manter “por aqui” onde quer que estivesse, desde que aqui – ou melhor: ali – houvesse um computador e Internet; e havia. Mas eu estava por aqui (!) com tudo isso, com tudo isso de ficar como que fisgado na rede mesmo nas férias, e eu queria férias, férias completas: tinha tirado férias de tudo aquilo que faço quando não estou de férias, excetuando umas poucas atividades que me são indispensáveis, mesmo de férias: ler, escrever, escutar música e assistir a filmes – além de comer, beber, amar e adjacências tais quais respirar e fumar, ou respirar fumando, na maior parte do tempo...
E, junção de várias dessas atividades ocorreu-me assistindo a dois filmes no cinema: O discurso do rei e Cisne negro. Pra melhor me explicar, os dois filmes se lêem (cada um à sua maneira) como livros – graças a seus roteiros tão finamente ciosos da linguagem verbal (e de outras linguagens) – , escrevem-se – como palavras que vão se cadenciando pouco a pouco no cérebro, feito num passeio por uma floresta de signos linguísticos – , escutam-se como discursos musicais – … – , podem ser assistidos e assistirem como poucos filmes podem assistir a (+ a = à) assistência a respirar – e (por quê não?) a fumar um bom cigarro na saída da sala.
Quanto aO discurso do rei, não vou dizer mais coisa alguma,

e pouco mais que coisa nenhuma é o que direi sobre o Cisne negro,
um dos melhores filmes que vi ultimamente: (citando-o, em parte: “)senti, fui per-feito(”), des-feito, re-feito, estupe-feito por ele, embora O discurso do rei conte com uma melhor nota no site (ironicamente intitulado) www.rottentomatoes.com (traduzindo o nome: tomates podres), o que deveria figurar como a razão de ser deste texto, já que o objetivo do blog é reciclar assuntos, vídeos, imagens, artigos ou, menos precisamente, inspirações (em geral) que possam ser encontradas na Internet, como esse site em que se reúnem críticas de arte advindas dos mais variados lugares e suportes. Na verdade, tudo pode ser encontrado na Internet, o que quer dizer que, mesmo que a inspiração pra alguns destes textos meus venha, num primeiro momento, de uma experiência real, dou-me o direito de procurá-la, em seguida, no mundo virtual e transcriá-la neste NetNoteBook, neste CarNet, nesta CaderNet...
Injusto? Injusto partir do real e, só depois, transferi-lo ao virtual, sendo que meu projeto inicial era dar voltas e mais voltas dentro da net e jamais sair dela? Injusto quebrar minha própria regra, minha regra primeira, a regra que distinguiria meu blog de tantos outros?...
Injusto, sim – somente se eu não acreditasse que “um personagem de um livro é tão real quanto um personagem real”, se não concordasse com Georges Perec, de quem tiro a citação anterior, pra quem o virtual e o real se acomodam no mesmo e único plano, nem que seja mental, o que o faria, por conseguinte, real, físico, corpóreo: a mente, este lugar, esta coisa impalpável, quase fictícia, possuímo-la no corpo e ela nos possui, de fato, de corpo e mente – e alma...
Injusto seria deixar de reciclar tais filmes e tomates podres pelo ilegítimo motivo de desejar erguer um muro entre mundos que não são fronteiriços, e, sim, imbricados uns nos outros, somente pra ser um quase nada original na empreitada.
Injusto, por fim, seria deixar de mencionar o divertido pseudo estudo científico de Perec sobre os efeitos tomatotópicos – ou seja, sobre os efeitos dos tomates jogados – numa soprano (leia o artigo), o qual me veio à cabeça enquanto eu investigava o www.rottentomatoes.com, mas que, originalmente, eu havia lido em um livro, não na Internet. Injusto seria eu me privar e privar o leitor de qualquer conexão pertinente entre realidades e virtualidades tão diversas quanto a frente e o verso, quanto o verso e a prosa, quanto o prosáico e o poético, quanto o náutico e o internáutico, quanto aquilo que é interno e aquilo que é externo a uma coisa qualquer, a qualquer coisa... Injusto seria eu tirar férias de tudo isso que, em mim e em minha pena – digital – , se (con)fundem sem pena alguma. Injusto seria eu tirar férias de mim; não tirar férias das férias; prolongar as férias da escrita simplesmente porque, durante esse mês e pouco de férias, não tirei um tempinho pra Internet, nem mesmo pra responder aos e-mails dos amigos – aliás, peço que me perdoem a ausência.